Perguntas frequentes sobre tontura:

1. Toda tontura é uma labirintite?

Não, de forma alguma. Essa é uma crença muito comum, mas é um engano. É importante entender que a tontura é um termo geral, que abrange várias sensações desagradáveis. Existem dezenas de tipos de tonturas, e labirintite é apenas um deles. 

Presumir que toda tontura seja labirintite é tão equivocado quanto afirmar que toda dor abdominal seja apendicite. A labirintite é o nome de uma doença específica, que causa vertigem, e é uma inflamação (muitas vezes devido a uma infecção viral) dos órgãos do equilíbrio no ouvido interno, que são chamados de labirinto. 

Se você apresenta sintomas como tontura e perda auditiva de início súbito, pode realmente se tratar de uma labirintite. No entanto, esses mesmos sinais, mais raramente, também podem estar presentes em condições mais graves. Por exemplo, em pessoas com fatores de risco para doenças cardiovasculares, esses sintomas – dependendo dos sinais associados – podem ter origem em uma causa vascular cerebral. O diagnóstico é minucioso, e só pode ser feito por médico após anamnese detalhada, e a realização de exames específicos.

Por fim, toda pessoa com labirintite tem tontura, mas nem toda pessoa com tontura tem labirintite.

2. Qual a diferença entre tontura e vertigem?

A diferença principal é que a tontura é um termo muito mais geral, como se fosse um "guarda-chuva" que engloba várias sensações desagradáveis relacionadas ao equilíbrio. Ela é definida como uma sensação de que sua orientação no espaço está alterada. Já a vertigem é um tipo específico e muito particular de tontura.

A vertigem é caracterizada por uma falsa sensação de que os objetos à sua volta estão se movimentando. Quem sente vertigem vê o ambiente ao seu redor se mexendo (sentido rotacional ou linear). Muitas das vezes, a vertigem é um sintoma oriundo do sistema vestibular, que faz parte da orelha interna (também chamada de labirinto), e de suas conexões com outras estruturas cerebrais responsáveis pelo equilíbrio corporal. Por outro lado, a tontura é o termo amplo que os pacientes usam para descrever qualquer perturbação no equilíbrio.

O termo "tontura" abrange quatro categorias principais de sensações que os médicos procuram identificar:

1. Vertigem: A sensação falsa de movimento (giratória ou linear) dos objetos ao seu redor.

2. Desequilíbrio (ou Instabilidade): A sensação de estar fora de equilíbrio, cambaleando ou "bambo". Por exemplo, doenças como Parkinson ou problemas nos nervos das pernas (neuropatia periférica) podem causar desequilíbrio.

3. Pré-síncope: A sensação de que você está prestes a desmaiar ou "apagar". Isso geralmente está ligado a problemas cardiovasculares, como arritmias ou queda de pressão (hipotensão ortostática).

4. Tontura inespecífica: São sintomas mais vagos, como uma sensação de "cabeça leve" ou de estar desconectado do ambiente. Problemas como ansiedade ou hiperventilação podem causar esse tipo de tontura.

A capacidade de descrever exatamente se está girando (vertigem), apenas se sentindo instável (desequilíbrio) ou prestes a desmaiar (pré-síncope) é importante para o diagnóstico. Entretanto, muitas vezes o paciente não consegue reconhecer (ou descrever) com exatidão o tipo exato de tontura que sentiu. Se isso ocorrer, existem outras formas de o médico chegar ao diagnóstico correto.

3. O que fazer durante uma crise de tontura?

O que você deve fazer depende muito do que está causando o sintoma. Existem dezenas de causas diferentes de tontura, desde causas mais leves a mais graves. O primeiro passo é tentar identificar qual tipo de sensação você está tendo: é uma vertigem (a sensação de que tudo está girando, como se estivesse em um carrossel), ou é uma tontura mais vaga, como desequilíbrio (sensação de estar cambaleando) ou pré-síncope (sensação de que vai desmaiar)? Se você identificar que é uma vertigem posicional, que dura segundos a minutos e é provocada por mudanças de posição (como deitar ou virar na cama), pode ser a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), que é uma causa comum e menos preocupante. Nesses casos, você deve procurar um médico para o correto diagnóstico e para ele colocar as "pedrinhas" ou “cristais” (canalitos) do ouvido interno de volta no lugar.

Para aliviar os sintomas agudos enquanto busca ajuda, o médico pode prescrever medicamentos para suprimir a sensação de movimento, que geralmente são usados em episódios intensos que duram de horas a dias. No entanto, tome cuidado: esses medicamentos não devem ser usados por muito tempo, pois podem atrapalhar o cérebro (sistema nervoso central) de se adaptar ao problema e atrasar a sua recuperação. Se a tontura for mais leve, recomenda-se tentar se mobilizar assim que possível, pois o movimento ajuda o cérebro a compensar a disfunção do equilíbrio. Se o sintoma for a pré-síncope (sensação de desmaio) ao se levantar, pode ser pressão baixa (hipotensão ortostática). O que você deve fazer imediatamente é levantar devagar, aumentar a ingestão de líquidos e revisar se alguma medicação que você toma pode estar causando isso.

É absolutamente crucial saber reconhecer os sinais de alerta (red flags), pois a vertigem pode, em raras ocasiões, ser um sintoma de um problema sério no cérebro, como um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Você deve procurar atendimento médico de emergência imediatamente se a tontura vier acompanhada de outros sintomas neurológicos, como visão dupla (diplopia), surdez, dificuldade para falar (disartria), problemas para engolir (disfagia), fraqueza ou dormência em alguma parte do corpo. A presença de uma nova dor de cabeça intensa também é um sinal de preocupação. Nesses casos, em que há suspeita de uma causa central (no cérebro), a investigação com exames de imagem, como Ressonância Magnética, é recomendada com urgência para descartar condições graves.

Portanto, todo paciente com tontura deve ser avaliado por um médico, de preferência um otoneurologista. Somente ele poderá realizar a correta distinção dos subtipos de tontura.

4. Qual profissional devo procurar para tontura?

Essa é uma dúvida muito importante, pois a tontura e a vertigem são queixas comuns que podem ter diversas origens, e saber quem procurar é o primeiro passo para o tratamento correto. O diagnóstico, o manejo e o acompanhamento são sempre feitos pelo médico

A tontura é uma das queixas mais frequentes nos consultórios de atenção primária. Inicialmente, o médico clínico geral está apto a fazer uma avaliação inicial e determinar se o seu caso é menos grave ou se exige uma consulta urgente com o otoneurologista (médico especialista em tontura)

Contudo, se a tontura for muito forte, tiver um início agudo (súbito) e for contínua, ou se estiver acompanhada de outros sintomas neurológicos (como dificuldade para falar, visão dupla ou fraqueza no corpo), você deve procurar imediatamente o pronto-socorro. Nessas situações de emergência, o foco é descartar causas graves no cérebro, como um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Se a tontura for crônica (demorada) ou se o seu médico clínico geral não conseguir chegar a um diagnóstico claro, ele fará um encaminhamento para um otoneurologista. Os otoneurologistas são otorrinolaringologistas ou neurologistas que se especializaram em tontura

Muitas vezes, o diagnóstico correto é desafiador devido à vasta gama de causas, e pode demorar até que o paciente chegue ao especialista certo. Além desses médicos especialistas, o tratamento da tontura exige frequentemente uma equipe de saúde completa. Se a tontura estiver ligada à ansiedade, depressão ou outros distúrbios psicológicos – que são causas comuns de tontura inespecífica – pode ser necessário o envolvimento de um profissional de psiquiatria ou psicologia. Em alguns casos específicos de tontura, os pacientes necessitarão de reabilitação labiríntica a ser realizada por fisioterapeutas ou fonoaudiólogos capacitados.

5. Quais exames são necessários para diagnosticar a causa da tontura?

O primeiro e mais importante passo para investigar a tontura é a conversa detalhadacom o paciente e o exame físico feito pelo médico à beira do leito. Isso é crucial porque a tontura é um sintoma genérico, e o médico precisa saber se você está sentindo vertigem (vê os objetos à sua frente se movimentando quando eles não estão), pré-síncope (sensação de desmaio), desequilíbrio (instabilidade ao andar) ou se é uma sensação vaga e inespecífica. Para ajudar a estreitar o leque de possibilidades, os exames iniciais são geralmente testes feitos no próprio consultório. O médico observará o movimento dos seus olhos (nistagmo) e a sua maneira de andar (e equilíbrio) para procurar sinais de problemas no ouvido ou no cérebro. Ele também pode realizar algumas manobras no leito (por exemplo, a Manobra de Dix-Hallpike), que são testes para diagnosticar a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), uma causa muito comum de vertigem. Além disso, o  médico poderá medir sua pressão arterial enquanto você está deitado e depois de pé para verificar se há uma queda (Hipotensão Ortostática).

Se a tontura for aguda (apareceu de repente e é contínua) e for uma vertigem, o médico pode aplicar o exame HINTS (Teste de Impulso Cefálico, Nistagmo e Teste de Desvio de Inclinação dos olhos), que é uma avaliação detalhada do movimento dos olhos na beira do leito. Esse teste é muito importante porque ajuda a diferenciar rapidamente se a vertigem é um problema mais benigno do ouvido (como a neurite vestibular) ou se é um problema perigoso no cérebro, como um derrame (AVC). Se o médico suspeitar de uma causa mais grave que afete o cérebro (causas centrais), como AVC, tumores ou esclerose múltipla, ele pedirá exames de imagem. O exame de imagem mais indicado é a Ressonância Magnética do cérebro, que é melhor que a Tomografia Computadorizada para visualizar o tronco cerebral e o cerebelo.

Se o médico dispõe de equipamentos complementares no consultório, como a videonistagmografia (óculos para quantificar com mais sensibilidade o movimento dos olhos) e o vídeo Head Impulse Test (VHIT), a avaliação dos movimentos oculares e do reflexo vestibular se torna mais precisa e detalhada.

Em muitos casos, exames de laboratório (exames de sangue) e radiografias de rotina não são muito úteis para identificar a causa da tontura. No entanto, exames mais específicos podem ser necessários dependendo da suspeita. Por exemplo, se houver suspeita de Doença de Menière, o médico irá pedir uma Audiometria para avaliar a perda de audição. Se houver suspeita de um problema no coração (como arritmia) causando a sensação de desmaio (pré-síncope), podem ser solicitados exames como o Eletrocardiograma (ECG) ou o Holter. Para problemas que causam desequilíbrio, como o Mal de Parkinson ou neuropatias, o exame de marcha e testes neurológicos são essenciais. O tratamento correto da tontura depende da identificação da sua causa, o que reforça a importância de um histórico completo e um exame físico direcionado.

6. Tontura pode estar ligada à ansiedade ou depressão?

Sim, a sua tontura pode estar ligada à ansiedade, à depressão ou a outros distúrbios emocionais. Essa ligação é muito comum e é algo que os médicos consideram ativamente durante o diagnóstico, pois problemas psicológicos, incluindo ansiedade, alterações de humor e somatização (quando o estresse emocional se manifesta como sintomas físicos), estão entre as causas que podem levar ao desenvolvimento ou agravamento da vertigem e tontura. Para muitos pacientes, a tontura é uma queixa que está associada a condições de saúde mental, como a depressão. Estudos mostram que mais de um quarto (28%) dos adultos que relataram tontura também apresentam sintomas de algum transtorno de ansiedade. Em alguns casos, a ansiedade se manifesta como um tipo de tontura inespecífica, vaga, ou a sensação de "cabeça leve".

Existem diagnósticos de tontura que têm uma forte ligação com o lado emocional. Um dos diagnósticos mais comuns, especialmente em casos crônicos (que duram muito tempo), é a Tontura Postural Persistente Perceptual (TPPP). A TPPP é a causa mais comum de tontura crônica em clínicas especializadas e é caracterizada por tontura não rotacional ou instabilidade que dura pelo menos três meses. Os pacientes com TPPP, assim como aqueles com Migrânea Vestibular (Enxaqueca Labiríntica), apresentam maior probabilidade de serem mulheres e de terem transtornos como ansiedade e depressão. A ansiedade ou a depressão também podem se manifestar como um ataque de pânico, que é um dos quadros que podem apresentar a tontura como um sintoma episódico.

É importante notar que a ansiedade e a depressão não apenas podem ser a causa da tontura, mas também podem piorar e prolongar os sintomas de tontura que começaram por um problema físico. Por exemplo, em pacientes que tiveram uma inflamação no nervo do equilíbrio (neurite vestibular), a persistência de tontura ligada à ansiedade foi observada em quase um terço dos pacientes após um ano. Além disso, a depressão ou a ansiedade que se desenvolvem após o início de um problema vestibular estão ligadas a uma melhora mais lenta e a uma alta persistência da tontura e vertigem. Por isso, o tratamento da tontura, quando há um forte componente emocional envolvido, deve ser feito por uma equipe que pode incluir, além do otoneurologista, psiquiatras ou psicólogos

7. Que alimentos afetam a tontura?

A dieta dos pacientes com tontura não deve ser encarada de forma genérica. Os estudos mostram que ela é especialmente útil em dois quadros comuns: a Doença de Menière e a Enxaqueca Vestibular. O ideal é que o paciente identifique, de forma individualizada, quais alimentos desencadeiam os sintomas e evite-os. O uso de diários alimentares associados aos episódios de tontura é uma ferramenta valiosa para ajudar o paciente a reconhecer possíveis gatilhos alimentares.

Para quem tem a Doença de Menière (que causa crises de tontura ou vertigem junto com perda de audição, zumbido e sensação de ouvido cheio), a recomendação mais tradicional dos médicos é reduzir a ingestão de sal. A ideia por trás disso é tentar controlar o volume de líquido no ouvido interno, o que se acredita estar ligado às crises. É muito importante lembrar que, embora restrições dietéticas de cafeína, álcool e chocolate sejam muito comuns na prática clínica, ainda não há provas científicas definitivas (em ensaios controlados e randomizados) de que elas sejam eficazes para melhorar os sintomas da Doença de Menière.

Já se a sua tontura for causada pela Enxaqueca Vestibular (um tipo de enxaqueca onde a vertigem é o sintoma principal), o foco é identificar e eliminar os alimentos que funcionam como "gatilhos" individuais, pois isso pode ajudar a diminuir tanto a frequência quanto a intensidade das crises. Alimentos que são frequentemente citados como gatilhos para enxaquecas incluem: chocolate, bebidas alcoólicas (especialmente vinho tinto e cerveja), queijos envelhecidos, adoçantes artificiais como aspartame, carnes processadas (como bacon, salame ou linguiça) e o glutamato monossódico. Esses alimentos contêm substâncias químicas como tiramina, nitratos e histamina, que podem desencadear a enxaqueca. Outros alimentos que algumas pessoas precisam evitar incluem frutas cítricas, tomates, cebolas, nozes, sementes, alimentos fermentados e certos produtos lácteos. Nem todo paciente com enxaqueca vestibular percebe que certos alimentos podem desencadear crises. Por isso, é importante que cada pessoa observe, de forma individual, se existe ou não alguma relação entre o que come e o surgimento dos sintomas. A recomendação é evitar apenas o alimento que o paciente identificou como possível causador das crises.

Além de controlar o que você come, nos casos de Enxaqueca Vestibular e Doença de Menière é essencial manter uma rotina alimentar consistente, pois jejum, pular refeições e até mesmo uma desidratação leve podem atuar como gatilhos. O consumo de cafeína também deve ser estável: se você já bebe regularmente, tanto reduzir quanto aumentar a dose habitual pode provocar uma crise. Por isso, o ideal é que qualquer mudança grande na alimentação, como cortar alimentos, seja feita com a orientação de um profissional de saúde, como um médico ou nutricionista, para que você encontre seus gatilhos pessoais de maneira segura e evite o risco de ter deficiências nutricionais.

8. Tontura piora com a idade?

Sim, tanto a vertigem quanto o desequilíbrio se tornam mais comuns com o aumento da idade. A tontura é quase três vezes mais frequente em pessoas idosas em comparação com adultos jovens. Além disso, cerca de um em cada três idosos relata sentir tontura. A prevalência de causas específicas, como a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), aumenta muito com a idade; enquanto em jovens de 18 a 39 anos a prevalência é baixa, ela sobe acentuadamente em pessoas com mais de 60 anos. Em adultos mais velhos, há uma prevalência maior de causas neurológicas de vertigem, ou seja, problemas que vêm do cérebro, como doenças cerebrovasculares ou isquemias. 


Portanto, em idosos, a avaliação cuidadosa do médico é crucial. Embora a tontura em si já seja incômoda, o desequilíbrio e a vertigem no paciente idoso aumentam significativamente o risco de quedas e as complicações relacionadas. A tontura e o desequilíbrio na velhice podem prejudicar muito um envelhecimento saudável, impactando a qualidade de vida e a capacidade de realizar atividades diárias.

9. Tontura e “labirintite” têm cura?

Essa é uma dúvida muito comum, e para respondê-la de forma clara, precisamos entender que a "tontura" é um sintoma, como se fosse uma febre, e não uma doença única. A possibilidade de "cura" depende muito da causa exata que está provocando esse sintoma. O que muitas vezes chamamos no dia a dia de "labirintite" é, na verdade, um conjunto de problemas no sistema de equilíbrio. A boa notícia é que, para muitas das causas mais frequentes de tontura, existem tratamentos muito eficazes que levam à resolução completa ou ao controle excelente dos sintomas.

Para algumas causas, a solução é rápida e bem definida. O caso mais conhecido é a vertigem que ocorre por mudança de posição, chamada de VPPB. Ela acontece quando pequenos cristais (fragmentos otolíticos) se soltam dentro do ouvido interno. O tratamento principal para isso não são medicamentos, mas sim manobras de reposicionamento, feitas pelo próprio médico no consultório, que conseguem colocar esses cristais no lugar, acabando com a tontura.

Já na síndrome vestibular aguda, que é a inflamação súbita do nervo do equilíbrio (neurite vestibular), pode-se usar medicação de alívio por um período curto. Logo em seguida, a fisioterapia vestibular é essencial, pois ela ajuda o cérebro a se ajustar e compensar a função perdida. Estudos mostram que a fisioterapia é, pelo menos, tão eficaz quanto outros tratamentos para reduzir os sintomas de neurite vestibular.

Em casos episódicos como na enxaqueca vestibular, é possível usar medicamentos apenas nas crises ou por uso contínuo (por meses e depois se interrompe o uso) além de se evitar os gatilhos provocativos das crises.

Na Doença de Menière, que causa ataques repetidos de tontura junto com problemas auditivos, o tratamento visa controlar e evitar as crises, usando medicamentos ou injeções de medicações intratimpânicas.

Em situações como a perda bilateral do equilíbrio (que pode ser causada por certos medicamentos fortes, como alguns antibióticos), as células do ouvido interno não se recuperam. 

No entanto, em quadros mais complexos ou crônicos, o objetivo pode ser mais o controle e a prevenção do que a "cura" definitiva. Nesses casos, a melhor abordagem é a reabilitação vestibular, feita com fisioterapia especializada, para que o paciente aprenda a se equilibrar de outras maneiras.

Em resumo, o tratamento é sempre personalizado e busca, na maioria das vezes, a recuperação da qualidade de vida. De forma geral, há várias opções de tratamento e o prognóstico costuma ser bom. O segredo está em fazer o diagnóstico correto, para que seja possível escolher o tipo de tratamento mais adequado.

10. O que é, e como tratar, a VPPB?

A Vertigem Posicional Paroxística Benigna, mais conhecida pela sigla VPPB, é a causa mais comum de vertigem recorrente e a principal causa de tontura que tem origem no ouvido interno. Para explicar de forma simples, a VPPB ocorre porque pequenos "cristais" ou "pedrinhas" de cálcio, chamados canalitos ou otólitos, que ficam naturalmente no seu ouvido interno, se soltam e acabam entrando nos canais semicirculares, que são responsáveis pelo seu equilíbrio.

Como o próprio nome diz, ela é benigna, o que significa que, embora cause muito incômodo, geralmente não é grave. O sintoma principal é uma sensação intensa de movimento, de que você ou o ambiente está girando (vertigem rotacional), que dura apenas alguns segundos ou no máximo um minuto, mas que ocorre de forma repetida. Essa vertigem é sempre desencadeada por mudanças específicas na posição da cabeça, como deitar-se, virar-se na cama, olhar para cima ou levantar-se.

O tratamento para a VPPB é altamente eficaz e, na maioria das vezes, não envolve medicamentos, mas sim manobras físicas. O tratamento principal é focado em manobras de reposicionamento. O objetivo dessas manobras é simples: usar movimentos específicos e sequenciais da cabeça para guiar esses "cristais" soltos para fora dos canais semicirculares e devolvê-los à área correta do labirinto. A Manobra de Epley é uma das manobras usadas para o tipo mais comum de VPPB, e pode ser realizada pelo médico no próprio consultório. Ela é considerada um tratamento muito eficaz, com taxas de sucesso que variam entre 50% e 90%, chegando a quase 100% em alguns relatos, podendo ser repetida até que os sintomas desapareçam. 

Não é recomendável que o próprio paciente realize as manobras por conta própria, sem orientação médica. A VPPB pode afetar diferentes canais do labirinto, e, dependendo da sua localização, é necessário aplicar um tipo específico de manobra. Se a manobra for feita de forma inadequada, os sintomas podem persistir ou até piorar. Além disso, vale lembrar que nem toda tontura que piora com a movimentação da cabeça é VPPB. Existem outras doenças que mimetizam VPPB, e a correta diferenciação deve ser feita por médico especialista